Como explorar Mostar, a cidade mais popular e encantadora da Bósnia e Herzegovina que abriga a famosa ponte Stari Most

 


» Como chegar

Para chegar na próxima cidade que havíamos escolhido para visitar na Croácia, chamada Dubrovnik, precisaríamos passar pela Bósnia-e-Herzegovina de qualquer jeito (sim! A Croácia é dividida ao meio! Foi uma forma dos bósnios ficarem com uma saída para o mar). Então... porque não conhecer ao menos uma cidade desse país tão sofrido e ao mesmo tempo tão interessante?
Estávamos de carro e foi super tranquilo. Para entrar no país apenas carimbamos o passaporte na fronteira; sem perguntas, sem vistoria no carro, sem nada. Só esperamos alguns minutos porque forma-se uma fila de carros e ônibus de turismo esperando, mas foi super rápido! Já li relatos de pessoas que passaram horas esperando na fronteira vindo de Dubrovnik. Acho que é uma rodovia mais movimentada... Então... se puder fazer seu roteiro como o nosso, vindo de Makarska ou Split, provavelmente não terá muito atraso na viagem por conta disso.
Outra vantagem de vir do norte do país foi a possibilidade de visitarmos, no caminho, a bela cidade de Pocitelj, sobre a qual conto mais detalhes aqui.
Mas... vamos falar um pouco mais da Bósnia-e-Herzegovina e de Mostar, que é uma das cidades mais visitadas do país.
No início do século XX, a região da Bósnia-e-Herzegovina foi anexada ao Império Austro-Húngaro. Em 1914, o povo local reagiu, armando uma emboscada para assassinar o arqueduque austríaco Francisco Ferdinando e sua esposa, que estava grávida de gêmeos. A morte de Franz Ferdinand foi o estopim para a primeira Guerra Mundial começar. No final da guerra, em 1918, a Bósnia-e-Herzegovina foi anexada à Sérvia, como parte do Reino dos Sérvios, Croatas e Eslovenos (pouco tempo depois chamado de Iugoslávia). Durante a Segunda Guerra Mundial, a Bósnia-e-Herzegovina foi então ocupada por Croatas, e foi palco de grandes batalhas contra os Sérvios.
Com o colapso do comunismo, todos os países que na época compunham a Iugoslávia – Croácia, Bósnia, Montenegro, Macedônia, Eslovênia foram criando estados independentes. Houve inúmeras guerras em todos eles, e a Bósnia-e-Herzegovina começou a sofrer com a grande diversidade étnica e cultural do seu povo. O que era de se esperar de um país que foi sendo "jogado" de um lado para o outro, não é?!
 Então... iniciou-se em 1991 uma guerra civil porque a Bósnia queria se separar da Sérvia (ou do que tinha sobrado da Iugoslávia, assim como tinham feito a Eslovênia e a Croácia). Entretanto... na Bósnia viviam (e vivem até hoje) muitos sérvios, que não queriam a independência. Ainda, havia uma intensa intolerância religiosa, já que os sérvios são de maioria ortodoxa, os croatas são católicos e os bósnios são muçulmanos.   
A guerra que se seguiu foi a mais sangrenta desde a Segunda Guerra Mundial, com mais de 97 mil mortos documentados, sendo conhecida como mais uma guerra onde foram usadas várias práticas de "limpeza étnica".
Em 1995 a população da Bósnia, com a ajuda da Croácia, conseguiu "equilibrar" a guerra contra a Sérvia, até que finalmente foi assinado o Acordo de Paz de Dayton.

 
Mostar, na Bósnia e Herzegovina.
» Curiosidades
Mostar foi uma das cidades que mais sofreu durante a guerra da Iugoslávia, principalmente por sempre ter sido uma cidade multicultural e multiétnica. Seu nome significa "guardião da ponte", e é um primor de arquitetura islâmica.


 A cidade é dividida entre católicos e muçulmanos, que ocupam partes bem definidas da cidade (dois lados diferentes do principal rio do país). Na parte mais antiga, cortada pelo rio Neretva, vivem os mulçumanos bósnios; do outro lado, os cristãos sérvios e croatas.


O principal ícone da cidade, a ponte Otomana do século XVI (que também era o principal símbolo da Bósnia), acabou por virar um símbolo da disputa dentro da Iugoslávia, já que unia dois lados diferentes da cidade. Em 1993, a ponte Stari Most foi bombardeada pelos bósnios separatistas, causando um sério impacto na história, no sentimento dos moradores, na economia, e no turismo da cidade.  
Em 2004, com um projeto financiado pela ONU e com apoio internacional, Mostar se reabriu para o mundo (e para o turismo) ao inaugurar com toda pompa que tem direito a nova (velha) ponte, que foi restaurada e reconstruída exatamente como a original do século XVI. A Stari Most, ou ponte velha, cruza o rio Neretva, e a região à sua volta foi importante para o crescimento da cidade, já que era esse rio que eram transportados os minérios dos Bálkans até o litoral do mar Adriático. Até hoje, em ambas as margens, há uma grande influência turca na arquitetura, no ambiente de comércio que há na rua, e até mesmo no tipo de  souvenirs vendidos nas lojas (artesanato, artigos em cobre, tapetes...). 
Souvenirs vendidos em Mostar.
Stari Most, em Mostar.
Na beira do rio Neretva, com vista para a famosa ponte, ficam diversos restaurantes de comida típica, que aliás é deliciosa e bem diferente da comida que vínhamos comendo na Croácia (à base de peixes e frutos do mar). Aqui a pedida é a carne, mais especificamente, muita carne, de todos os tipos, e frita, como você pode notar na foto aí embaixo. Eu provei o prato típico deles, Cevapi, mas esqueci de tirar foto 😖 É um pãozinho recheado com "dedinhos" de carne frita, acompanhado de um creme de queijo e salada. É delicioso!



Vista da ponte Stari Most, com os restaurantes à esquerda.
Vista do restaurante em Mostar.
Passamos ainda pela mesquita Koski Mehmed Pasa, de 1618, que teve que ser reconstruída após a guerra. Mas a mesquita mais visitada  na cidade é a Karadozbeg, erguida em 1557. Hoje é usada como clínica. Também foi muito danificada durante a guerra, mas já está completamente restaurada.
Mesquita Karadozbeg, em Mostar.
 Mas o mais interessante mesmo, para mim pelo menos, foi ver que mesmo após duas décadas do final da guerra civil e de muita reconstrução, diversos prédios da cidade ainda estão destruídos ou com as fachadas todas marcadas de buracos de balas. Um prédio bastante simbólico é o do Hotel Neretva; um hotel luxuoso de 1892, que tinha a fachada vermelha e amarela. 
Ruínas do Hotel Neretva, em Mostar.
Prédio em ruínas em Mostar.
» Curiosidades

O fato mais curioso da cidade é que todas as praças pelas quais passamos eram na verdade cemitérios. Durante o período da Guerra Civil, a cidade ficou sitiada e não havia lugar suficiente no cemitério para enterrar todos os mortos. A solução então foi usar as praças para essa finalidade. As lápides deixam isso bem claro, já que todas tem basicamente a mesma característica: homens jovens, com morte nos anos de 1990 a 1993. Muito triste.
Cemitério em Mostar.
Praça que virou cemitério em Mostar.
 Mas apesar de todo o sofrimento o povo é muito receptivo, e a estrutura de turismo na cidade é muito boa. Apesar da grande massa de turistas passarem apenas um dia ou menos na cidade, ela conta com muitos restaurantes e hotéis. Só não conte muito com vida noturna, mas que a cidade é charmosa mesmo à noite, isso é!
Lembrete na entrada da Stari Most,
Stari Most durante a noite, em Mostar.
Momento fofura em Mostar! 😍

» Outras dicas
No caminho entre Makarska e Mostar fica Medugorje. Desde 1981 esse local se tornou lugar popular de peregrinação religiosa por causa de supostas aparições da Virgem Maria para 6 católicos locais. Também se acredita que ela tenha aparecido a um grupo de crianças em 1981. Por causa disso, a vila simples tornou-se um dos maiores centros de oração do mundo (visitado por mais de 1 milhão de pessoas por ano); várias testemunhas relatam fenômenos visuais como mudanças de cor do sol ou rotação do sol no céu. Nós não passamos porque não somos católicos, então não fazia muito sentido. Mas... fica a dica caso você ache interessante.

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